Fui passar o Natal na casa dos meus pais. Há um ano não os visitava e, por mais que não goste da cidade, estava com uma grande expectativa. Além do desejo de revê-los, existia uma esperança em ver mudanças.
Na chegada, uma chuva de beijos e abraços de pais, tios, sobrinhos, amigos, vizinhos, cachorros, gatos, papagaios... Vinda de família grande e de cidade pequena, é preciso compartilhar tudo. Então, seguiu-se o interrogatório, regado a muita comida e um calor infernal. Como sempre me canso dessa tríade, carrego na mala um kit de sobrevivência: livros, revistas e chocolates. Até aí, tudo bem previsível.
No final da tarde, deitei na cama da minha mãe e abri o primeiro livro. Só que não conseguia me concentrar. O movimento em casa era intenso. Então, comecei a tentar adivinhar quem entrava ou saia pelos passos. Durante esse exercício, relembrei tanta coisa – pessoas, aromas, brincadeiras, amores platônicos...
Minutos depois, levantei correndo e fui ver tudo. Um conjunto de histórias maravilhosas surgiu na minha memória, resgatados de uma época que não foi a melhor de todas (meu hoje o é), mas o tempo e o saudosismo fizeram questão de transformá-las em fascinantes.
Por anos, deixei de ver o que havia de poético naquele lugar. Banalizei as coisas e os fatos pela previsibilidade. Na fuga, por divergir e não gostar do que restou, tirei-me do cenário e do contexto. Mas eu continuava ali. As casas das minhas amigas, o poste em que bati a testa, a sorveteria, a igreja, o quintal.... Tudo estava como sempre foi.
Nos dias seguintes, transcorreu tudo bem. Muitas visitas, barulho e mais conversas, comida e calor. E me joguei da maneira que pude. Tentei não repudiar os chatos e invasores para desfrutar cada minuto que ainda me restava. Atitude mais acertada para obter um final de semana deleitável. E consegui. Foi tudo tão acolhedor que, na despedida, me contive para não chorar. Minha voz chegou a embargar.
Tudo isso me fez bem. Fiquei confiante. Percebi que estou no caminho certo e não tenho arrependimentos pelas minhas escolhas. Compreendi também que é preciso ter raízes. E que, por mais que vague, uma parte de mim sempre estará lá.
“Quanto me andei
Na chegada, uma chuva de beijos e abraços de pais, tios, sobrinhos, amigos, vizinhos, cachorros, gatos, papagaios... Vinda de família grande e de cidade pequena, é preciso compartilhar tudo. Então, seguiu-se o interrogatório, regado a muita comida e um calor infernal. Como sempre me canso dessa tríade, carrego na mala um kit de sobrevivência: livros, revistas e chocolates. Até aí, tudo bem previsível.
No final da tarde, deitei na cama da minha mãe e abri o primeiro livro. Só que não conseguia me concentrar. O movimento em casa era intenso. Então, comecei a tentar adivinhar quem entrava ou saia pelos passos. Durante esse exercício, relembrei tanta coisa – pessoas, aromas, brincadeiras, amores platônicos...
Minutos depois, levantei correndo e fui ver tudo. Um conjunto de histórias maravilhosas surgiu na minha memória, resgatados de uma época que não foi a melhor de todas (meu hoje o é), mas o tempo e o saudosismo fizeram questão de transformá-las em fascinantes.
Por anos, deixei de ver o que havia de poético naquele lugar. Banalizei as coisas e os fatos pela previsibilidade. Na fuga, por divergir e não gostar do que restou, tirei-me do cenário e do contexto. Mas eu continuava ali. As casas das minhas amigas, o poste em que bati a testa, a sorveteria, a igreja, o quintal.... Tudo estava como sempre foi.
Nos dias seguintes, transcorreu tudo bem. Muitas visitas, barulho e mais conversas, comida e calor. E me joguei da maneira que pude. Tentei não repudiar os chatos e invasores para desfrutar cada minuto que ainda me restava. Atitude mais acertada para obter um final de semana deleitável. E consegui. Foi tudo tão acolhedor que, na despedida, me contive para não chorar. Minha voz chegou a embargar.
Tudo isso me fez bem. Fiquei confiante. Percebi que estou no caminho certo e não tenho arrependimentos pelas minhas escolhas. Compreendi também que é preciso ter raízes. E que, por mais que vague, uma parte de mim sempre estará lá.
“Quanto me andei
Talvez pra encontrar
Pedaços de mim pelo mundo
Que dura ilusão
Só me desencontrei
Sem me achar
Aí eu voltei
Voltar quase sempre é partir
Para um outro lugar”.
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Samba do amor, de Paulinho da Viola.