quarta-feira, 18 de junho de 2008

“Sou una e múltipla, fragmentada e inteira,
curva e planície, zênite e abisso.
Sou superfície e fosso, laços e cisão,
silêncios e barbúrdias, muitas e nenhuma.

Meus pedaços me juntam em esfinge
e me insulam no arco-das-sete-cores
de onde espio infinitos e precipícios
como se dona de todos os mundos.

Minhas antíteses, polaridades
se perdem sempre em meus campos
e ocultam verdades, faces e falácias
do medo que me escamoteou os sonhos.

Meus inversos mostram os enigmas
(guardados em redoma de alabastro),
que escondem máscaras, alegorias
e as almas dos amores todos,
cujos corpos há muito migraram”.

Enigma - Lêda Selma