“É, Deus, parece que vai ser nós dois até o final...”. O show era de Lenine, mas foi a música de Marcelo Camelo que não saiu da cabeça.
Tudo conspirava contra. Ingressos esgotados, desistência dos amigos (por motivos justificáveis) e um engarrafamento inacabável. Para completar, por falha na comunicação, minha irmã e seus amigos atrasaram 40 minutos. Começando a ficar irritada, fomos à procura dos ingressos nas mãos dos cambistas. Meia hora depois e... Nada! O show inicia e, finalmente, consigo o meu, mas minha irmã e seus amigos desistem. No impulso, resolvo, então, entrar sozinha (ultimamente, não vejo problema em sair só, mas não para um show. Foi a minha estréia. E a decisão foi a mais acertada). A Concha Acústica estava lotada e consegui um lugarzinho bem no gargarejo. Meio deslocada, ouvi as primeiras notas da música A rede e me achei. Pronto! Estava em casa.
O show foi maravilhoso. Lenine estava um “louco lúcido” e eu, em estado de êxtase. Era como se só nós estivéssemos ali. A banda e eu. E, é claro, a música do Camelo. Não sentia falta de nada. Mesmo com fome e com uma barra de chocolate na bolsa, não queria perder um segundo daquele momento. Estava em estado de plenitude.
Foi uma sensação indescritível. Não era auto-suficiência. Era um estar em mim, uma percepção de que, naquele momento, eu me bastava.
“(...) Ninguém vai saber de nada
E eu sei
Pelo sentimento
Pelo envolvimento
Pelo coração...
.
Eu sei!
Pela madrugada
Pela emboscada
Pela contramão...
.
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção...
.
Ninguém vai saber de nada
E eu sei
Por qualquer poesia
Por qualquer magia
Por qualquer razão... “
Tudo por acaso - Lenine