quarta-feira, 14 de maio de 2008

A carta de demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina da Silva, caiu como uma bomba para mim. Não pela sua atitude digna e corajosa, mas por ser, dentre todos esse ministros puxas sacos, a única que se mantinha fiel aos seus ideais. Ela era uma esperança. Lembro que, já enfraquecida pela colisão com outros ministérios, Marina chegou a dizer que não mudaria sua administração para ficar no governo: “Perco o pescoço, mas não perco o juízo”.
Desde que me conheço por gente, quando alguém pergunta quem eu gostaria de ser se não fosse eu, respondo: “Marina da Silva”. Sua história de vida é belíssima. Órfão aos 16 anos, Marina trabalhou como doméstica para estudar, fez dois supletivos, formou-se em História pela UFAC e fundou a CUT no Acre ao lado de Chico Mendes, assassinado em 1988. Ela é um exemplo da luta pela causa ambiental, de perseverança e resistência, que passou por cima de todas as adversidades para chegar aonde chegou. Tudo isso sem perder a doçura.
Farta de ser humilhada, ela saiu para não ter o mesmo destino do ex-Ministro da Educação, Cristóvão Buarque (demitido por telefone depois de incentivar jovens de uma universidade pública a exigirem melhor qualidade de ensino). Se bem que Lula não teria coragem de demiti-la. Sua saída poderia ter uma repercussão internacional negativa, como ocorre agora.
Um projeto que começou em janeiro de 2003 - com a tentativa de fazer da conservação ambiental o centro de uma agenda de desenvolvimento, cuja implementação é hoje o maior desafio global – fica enfraquecido.
Marina amargou muitas derrotas (crescimento do desmatamento na Amazônia, inúmeras concessões, como o licenciamento ambiental para a transposição do Rio São Francisco, construção de Angra 3...) e um governo que parece privilegiar um crescimento econômico insustentável não a merece.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Dias atrás, o Alec, do Infaces, passou um meme muito interessante sobre oito coisas que você faria antes de morrer (com as respectivas justificativas). Neste momento, é difícil falar com convicção sobre desejos tão remotos. Longínquos porque ainda estou em meio a uma volubilidade sem fim. Os sonhos de ontem já não são os de hoje, e estes podem ter uma vida bem curta. Em busca de certezas, tento reorganizar meus pensamentos, por ora exauridos, desarranjados e vagos (o silêncio do blog é uma decorrência).
Para completar, li que um dos grandes problemas dos jovens dessa geração não é a apatia, mas não saber exatamente o que querem. Mesmo não me sentindo impassível, essa frase me causou uma certa crise de identidade. Descobri o que quero também é descobrir o que sou e aspiro tornar-me. Então, lá vai:

1. Morar sozinha;
2. Morar com alguém (não é contradição com a anterior, mas, depois de morar sozinha, preciso passar pela experiência de dividir o teto com alguém por um tempo. No momento, a idéia de “por toda uma vida” parece impossível.);
3. Fazer mestrado (não sei em qual área, mas quero fazer em outra cidade - e morando sozinha);
4. Fazer faculdade de História e Filosofia;
5. Ensinar em uma universidade pública;
6. Ler todos os livros da minha interminável lista e ter uma biblioteca;
7. Conhecer toda Europa;
8. Aprender a cozinhar, dançar (melhor) e desenhar.

terça-feira, 6 de maio de 2008

por fora,
trago o sabor
da amora;

por dentro,
uma saudade
que devora.

por fora,
comemoro
a vida;

por dentro,
sou veia cava
obstruída.

por fora,
um banquete
sobre a mesa;

por dentro,
essa dinamite
acesa.

morreu o cravo,
sonhando
a margarida.

pelo próprio espinho,
se fez a rosa,
ferida.

por fora,
a poesia move;

por dentro,
o verso suicida.


Marcos Caiado